terça-feira, 5 de novembro de 2013

Histerossalpingografia- um método "ainda" muito valioso no estudo da mulher infértil

A histerossalpingografia consiste em um exame radiológico contrastado cujo principal objetivo é a avaliação das tubas uterinas. Apesar de antiga, esta metodologia ainda é extremamente valiosa na propedêutica de investigação da mulher infértil. Dentre todos os métodos de imagem disponíveis, é o único que possibilita de forma mais acurada a avaliação da morfologia (aspecto, mobilidade) e permeabilidade das tubas uterinas (se estão "fechadas" ou obstruídas). Além disso, ainda possibilita a avaliação da cavidade uterina, quando indicada a pesquisa de malformações congênitas, aderências (sinéquias) e lesões com projeção para dentro do útero, como pólipos endometriais e miomas uterinos submucosos.

O exame deve ser realizado entre o 6º e o 11º dias do ciclo menstrual. É muito importante afastar a possibilidade de gravidez antes de sua realização. Durante o uso contínuo de contraceptivos ou outras razões para não estar menstruando é de fundamental importância a orientação de seu médico, consentindo a realização do exame.

O exame é feito em uma sala de radiologia, com a paciente em decúbito dorsal. Atualmente na maioria dos serviços, utiliza-se um cateter flexível, posicionado no colo uterino. O contraste iodado é injetado lentamente e são então realizadas radiografias seriadas da cavidade uterina, do enchimento gradual das tubas e da passagem do contraste para a cavidade pélvica. Após esta fase o cateter é retirado, a paciente orientada a caminhar por alguns minutos e então é realizada a última radiografia, em geral após 7 minutos. Esta última radiografia é muito importante pois será utilizada na avaliação do esvaziamento das tubas, presença de contraste residual, acúmulos de contraste em recessos da cavidade pélvica, etc...

O exame pode ser realizado sob sedação anestésica, porém isso acaba limitando um pouco a sua avaliação, pois a paciente não consegue colaborar com as manobras realizadas (virar de lado por exemplo) e a radiografia tardia costuma ficar prejudicada (é feita muito tempo depois do ideal).

Este exame costuma ser muito temido pelas pacientes, pois em alguns casos pode estar associado a fortes cólicas, sintomas de hipotensão, mal estar etc.. porém, é muito importante frisar, que assim como em qualquer outro procedimento, as reações são individuais, e variam muito de pessoa para pessoa. Quando realizado por um especialista treinado e experiente, costuma ser tranquilo e rápido, com discreto desconforto transitório na forma de cólicas leves que melhoram após o uso de um antiespasmódico.

Em pacientes alérgicas ao contraste iodado, este exame esta contraindicado, pelo risco de eventos alérgicos associados a absorção do meio de contraste pela mucosa vaginal e pelo peritônio pélvico. Alternativamente pode-se utilizar uma profilaxia com medicamentos apropriados nos casos de potencial risco alérgico ou ainda um contraste a base de gadolínio, o mesmo utilizado nos exames de ressonância magnética. Entretanto, este contraste não é tão radiopaco (branco) como o iodo, o que limita bastante a interpretação das imagens. Além disso não são todos os serviços que o utilizam.

Bom, espero ter ajudado vocês a desmistificar um pouco este exame tão mal falado e temido pelas pacientes e a conscientiza-las da sua importância no contexto da infertilidade. Um abraço carinhoso, Luciana






Um comentário:

Anônimo disse...

vce poderia me fornecer a fonte, por favor, da imagem