domingo, 7 de fevereiro de 2016

A importância dos exames anteriores na avaliação e controle de pacientes com endometriose profunda




Qual a importância de levar os exames anteriores (ultrassonografias, ressonância magnética, histerossalpingografia, etc..) para o radiologista que irá realizar o seu mapeamento de endometriose?

O momento da realização de qualquer exame radiológico representa um intervalo de tempo pontual para a paciente que o realiza, assim como para o radiologista que a examina. Isso significa que, sem história clínica ou antecedentes da doença atual, uma imagem pode dar margem para várias interpretações. 

Em se tratando de endometriose este conceito é de extrema importância, pois na maioria dos casos as pacientes realizam inúmeros exames ao longo da vida reprodutiva (desde a 1ª menstruação até a menopausa), repetidas intervenções cirúrgicas, com elevadas taxas de recidiva e/ou persistência de doença.

Neste contexto, os exames anteriores são muito úteis para se ter uma idéia da evolução da doença, seja em pacientes em tratamento clínico ou naquelas já submetidas a uma laparoscopia para a remoção dos implantes. A diferenciação entre doença residual e fibrose (alterações cicatriciais) é difícil e depende muito desta avaliação comparativa. Mesmo para examinadores experientes esta tarefa é um desafio que pode ser minimizado quando se entende toda a evolução da doença e de seu tratamento. 

Para as pacientes que ainda não tem diagnóstico definido, os exames anteriores são úteis principalmente na avaliação dos cistos ovarianos, pois é muito comum a confusão entre os endometriomas e os cistos ovarianos funcionais, relacionados ao ciclo menstrual. Os endometriomas não desaparecem nos exames subsequentes, enquanto que os cistos hemorrágicos funcionais são fugazes e podem desaparecem em até 3 ciclos menstruais. 

Também de igual importância são os filmes ou documentações das laparoscopias ou cirurgias já realizadas. A correlação com os procedimentos realizados também auxilia muito na interpretação dos achados de imagem atuais. 

Portanto, guardem com carinho e de forma organizada seus exames e relatórios de tratamentos, pois eles serão muito utilizados no seu acompanhamento clínico. Levem sempre nos seus controles anuais e nas consultas ginecológicas!!



Endometriose diafragmática- uma causa frequente de pneumotórax em mulheres na idade reprodutiva


RM do tórax demonstrando implante de endometriose no diafragma à direita (seta vermelha). Visão laparoscópica de lesões de endometriose no diafragma (setas pretas).


A endometriose é uma doença ginecológica muito comum nas mulheres em idade reprodutiva e na grande maioria os implantes se concentram na cavidade pélvica (95%). Entretanto, localizações atípicas podem ocorrer e causar sintomas muitas vezes não relacionados a doença pélvica.

A endometriose torácica esta associada a doença pélvica em até 50-80% dos casos. Os implantes endometrióticos podem ser observados no diafragma, na pleura, no parênquima pulmonar e na parede torácica. O diafragma é a localização mais comum, sendo o lado direito o mais comprometido.
O pneumotórax catamenial é a manifestação clínica mais frequente, sendo definido como a ocorrência de pneumotórax espontâneo durante o período menstrual. O pneumotórax não catamenial também pode ocorrer em pacientes com endometriose torácica e muitas vezes não é corretamente diagnosticado.
A sua origem ainda não é bem esclarecida, sendo que a teoria mais aceita é a de migração transperitoneal e transdiafragmática. Outras formas de disseminação, como a hematogênica, também podem explicar a ocorrência dos implantes na pleura e no parênquima pulmonar.
Os defeitos diafragmáticos são frequentemente observados em pacientes com pneumotórax relacionado a endometriose (80% dos casos), sendo o mecanismo mais frequente de passagem dos implantes endometrióticos da cavidade abdominal para a torácica.
De acordo com a British Thoracic Society a endometriose torácica é subdiagnosticada, tratada de forma inadequada e com recorrências em até 30% dos casos. Uma troca de informações entre os ginecologistas e os cirurgiões torácicos é fundamental para o correto diagnóstico e tratamento multidisciplinar destas pacientes.
Outros sintomas que podem estar associados a endometriose torácica são o hemotórax catamenial, a hemoptise catamenial, dor no ombro durante o período menstrual e menos frequentemente a detecção de nódulos pulmonares em exames de RX ou tomografia.

A ressonância magnética do tórax (ou da transição toraco-abdominal) é o método de escolha para o diagnóstico e mapeamento dos implantes endometrióticos no diafragma e pleura. Para tal, é fundamental que a hipótese diagnóstica seja aventada no pedido médico, pois este exame tem um protocolo específico que deve ser utilizado para este objetivo. O RX de tórax e a tomografia computadorizada são métodos com baixa sensibilidade para a detecção destes pequenos implantes no diafragma, sendo mais utilizados em pacientes com nódulos pulmonares.

Algumas pacientes portadoras de endometriose podem manifestar o pneumotórax de repetição como primeira forma de apresentação clínica da doença. É fundamental investigar a cavidade pélvica após um diagnóstico de endometriose torácica, já que a maioria destas pacientes possuem doença pélvica extensa, com comprometimento intestinal associado.

Glossário:
-pneumotórax- presença de gás ou ar na cavidade pleural; acúmulo de ar entre os pulmões e a membrana que reveste internamente o tórax (pleura)
-catamenial- ocorrência relacionada ao período menstrual
-hemotórax- presença de sangue na cavidade pleural
-hemoptise- é a passagem de sangue pela glote oriunda das vias aéreas e dos pulmões

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Trabalho sobre Diagnóstico da Endometriose Intestinal premiado no RSNA Chicago 2015- Dra Luciana Chamié





A Dra Luciana Chamié e col. apresentou trabalho sobre o diagnóstico da Endometriose Intestinal no RSNA 2015 em Chicago. O trabalho foi premiado com Certificado de Mérito!!! Parabéns!!!

Aula de endometriose da Dra Luciana Chamie no RSNA 2015 Chicago



Dra Luciana Chamié deu aula de Endometriose no modulo de Ultrassonografia em Ginecologia com sessão interativa a convite da Professora Carol Benson da Harvard University. Excelente oportunidade de demonstrar a experiência brasileira no diagnóstico da endometriose!!