quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Preparo intestinal utilizado nos exames para a pesquisa de endometriose: chato mas MUITO necessário!!

O preparo intestinal utilizado nos exames de pelve feminina cujo principal objetivo é investigar endometriose profunda é muito importante.

Isso porque, em condições normais, o intestino grosso contém resíduos fecais e gás, além de um movimento natural e intermitente denominado peristalse. Tais condições geram algumas limitações importantes na investigação de endometriose intestinal e da cavidade pélvica de uma forma em geral.É importante ressaltar ainda que as mullheres são particularmente mais constipadas que os homens, apresentando grande quantidade de resíduos fecais no retossigmóide e no ceco.

Os focos de endometriose profunda que acometem o intestino podem apresentar dimensões variadas, desde alguns milímetros até vários centimétros. Quanto menor a lesão, mais difícil de indentificá-la. Tais lesões aparecem como nódulos aderidos à parede da alça, com crescimento infiltrativo de fora para dentro. Por este motivo, o exame de colonoscopia (que examina o intestino por dentro) pode ser normal em mulheres portadoras de endometriose intestinal. Os focos são mais frequentes no retossigmóide, que é o segmento mais distal do intestino grosso e como já citei,  que habitualmente contém resíduos e gás. Na ultrassonografia transvaginal, o conteúdo das alças gera artefatos na imagem, com zonas de penumbra, como uma "sombra" ou "cortina", impedindo a visualização de estruturas localizadas atrás ou adjacentes a elas. Este efeito, além de atrapalhar na visualização da parede do intestino, também atrapalha na avaliação de outras estruturas pélvicas, como os ovários por exemplo.  Com o intestino vazio, o ultrassonografista consegue, em menor tempo e de forma mais fácil, fazer um rastreamento de focos de endometriose nos múltiplos sítios onde a doença pode aparecer, sobretudo no intestino, minimizando o desconforto que o exame poderia causar ou eventuais lesões de difícil acesso. A ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal é uma excelente modelidade na investigação de múltiplos focos de endometriose no intestino.

Na ressonância magnética este efeito é ainda mais crítico, pois por se tratar de um método estático (as imagens são obtidas e posteriormente avaliadas) não é possível manipular as alças durante a análise para melhorar a capacidade de detecção das lesões. Aqui a sensibilidade do método diminui muito quando, além do conteúdo nas alças, a persistalse (movimento das alças) está exacerbada, pois gera um borramento dos contornos das alças intestinais e das estruturas adjacentes. Para minimizar estes problemas, além do preparo intestinal, adicionamos a injeção intravenosa de uma ampola de antiespasmódico antes do início do exame.

O preparo, habitualmente feito com o uso de laxativos, uma dieta pobre em resíduos e a aplicação de um enema via retal é bem tolerado pelas pacientes. Em  alguns casos pode causar cólicas abdominais, que podem ser minimizadas com o uso do antiespasmódico.

Portanto, se pretende realizar um destes dois exames para investigar uma possível endometriose pélvica, capriche no seu preparo intestinal!!! É chato, eu sei, mas muito útil e fundamental para aumentar a sensibilidade e especificidade dos exames.





Um comentário:

Anônimo disse...

Dra Luciana,meu nome é Laliane e Preciso fazer esses dois exames e a Sra me foi indicada. POrém liguei na sua clínica e me falaram que a sra só faz o ultrassom, não realizando a ressonância magnética. Me foi solicitado também uma ressonância magnética da pelve e uma urorressonância. É o mesmo exame ou são dois procedimentos? São dois valores diferentes? Ou um está englobado no outro? Estou indo pra SP no início de maio.